Estou chegando aos 50, e percebo o quanto sinto falta de algumas coisas. Sabe aquela sensação de liberdade que vinha no último dia de aula? Aquela que te invadia quando você percebia que tinha dois meses e meio sem estudar? Para fazer o que quisesse? É claro que, enxergando aquela sensação com os meus olhos cinquentões, a liberdade não era tanto assim e havia, para falar o mínimo, os limites da falta de dinheiro. Mas que a sensação era maravilhosa era.
E a descoberta? Muita gente falaria do sexo, do amor, do primeiro beijo. É claro que tudo isso foi lindo (um pouco sofrido também), mas a melhor sensação de descoberta, para mim, veio quando eu li, “O Sol é Para Todos” (Harper Lee). E isso fez eu me lembrar da minha infância, de como eu não entendia muitas coisas “do mundo dos adultos.” E como eu me conformei com isso ... Era uma época de sonhos, e sonhar era tão bom!!!
Fui educada de maneira tradicional, a educação era rígida, e todos aprendiam, tinha castigos, os valores eram respeitados, tanto na escola como em casa. Foi uma época feliz.
O pior de ter 50 não é isso. È não ter a certeza se os pensamentos ou as frases inteligentes que você fala são seus de verdade. Às vezes, ouve e repete, achando que foi uma grande invenção sua. Foi nada.
Muita coisa mudou ao longo desses 50 anos, em 1962, “Tom Jobim” lançou “Garota de Ipanema”, 48 anos depois, trabalho com os alunos as músicas da década de 60 e 70. E comparamos com as letras de música de hoje. “Olha que coisa mais linda/Mais cheia de graça/É ela menina/Que vem e que passa/Num doce balanço/A caminho do mar... Bota a mão na cabeça que vai começar/O Rebolation, tion o rebolation, o rebolation, tion, rebolation.
Música boa é aquela música que nos faz refletir, que nos ajuda a viver, nos faz voltar ao passado e visitar acontecimentos especiais, nos faz olhar para o futuro e imaginar que é possível sim viver um momento parecido com aquele que o artista colocou em seu verso. Música boa é aquela que nos acalma e que ao mesmo tempo nos coloca alerta, nos faz levantar do sofá e tomar uma decisão importante.
Poderia falar das centenas de livros que li, dos filmes que me fizeram chorar e tantas outras coisas. Com certeza faltaria espaço. Mas se eu pudesse voltar no tempo faria tudo de novo, os erros foram os aprendizados, as conquistas saboreadas e cada etapa vencida.
A vida é assim mesmo. Uma coleção de pontos finais, parágrafos e um monte de coisas que fogem ao nosso controle. Às vezes, acordamos de manhã e pensamos tantas coisas “Encontrei a pessoa com quem quero passar o resto da minha vida”. Nesse dia você percebe que não era nada daquilo que você imaginava.
Em um ano muita coisa pode acontecer, ou não. Depende mais do quanto se esforça para que as coisas aconteçam. Pelo menos não estou mais "sentada, com a boca escancarada cheia de dentes, esperando a morte chegar”. Quero poder viver mais 50 anos, curtir meu neto e continuar com energia para realizar sempre mais.
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