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quarta-feira, 3 de março de 2010

O QUE É "AVALIAR"?

    
  Sou professora há 30 anos e todo o ano fala-se a mesma coisa: Como avaliar um aluno? E todo o ano se vê centenas de alunos ficarem em exames e centenas reprovarem. Será que os 200 dias letivos o aluno foi nota 4,0 ou 3,0? Será que pelo simples fato dele estar em uma sala de aula, e não estar na rua, não seria um motivo para avaliar? Fico pensando se alguém me avaliasse hoje, eu reprovaria sempre nas áreas exatas. O que me deixa indignada é ver alunos que todos os anos ficam em exames, às vezes por décimos, no final do ano os professores se estressam na correção de tantos exames. Mesmo sabendo que o aluno com frequencia global igual ou superior a 75% e média final igual ou superior a 5,0 (cinco) por disciplina será aprovado.
     Será que ser bom professor é aquele que deixa um monte de alunos em exames?Será que o aluno que incomoda em sala de aula, não sabe nada? Ou o que o professor ensina ele está cansado de saber? São perguntas que faço diariamente. Se o aluno chegou às minhas mãos na 5ª série sabendo ler, escrever, ele vai desaprender o que aprendeu? E quando nós, professores, somos avaliados?

     Acredito que a avaliação é um processo do qual fazemos parte todos os dias. Estamos sempre avaliando algo ou alguém. O professor, como qualquer profissional, deve, em primeiro lugar, estar sempre avaliando o seu trabalho, os resultados obtidos e um novo caminho a seguir. Avaliar, então, é também buscar informações sobre o aluno (sua vida, sua comunidade, sua família, seus sonhos...), é conhecer o sujeito e seu jeito de aprender.
    Mas, quando a escola se centra no ensino uniforme, acreditando que existe um aluno ideal e uma única forma de aprender, quem não se aproxima dessa uniformidade se sente excluído. Penso que a atual tentativa de ensinar somente alunos perfeitos é que é utópica extremamente distante da realidade.
    Minha preocupação é com a possibilidade de cometer injustiças. Avaliar é muito difícil e muito subjetivo. É necessário estar consciente do que se quer e do que se faz. Se for preciso mudar nossas práticas habituais, mesmo criando inseguranças e angústias isso já valerá a pena. Penso que há dois protagonistas principais, que são o professor e o aluno. O primeiro precisa identificar exatamente o que quer e o segundo tem de ser parceiro.

    Quero fazer um adendo aqui à fala da professora Vânia Biesus (com a permissão dela) em uma das nossas reuniões: Aqueles professores que no primeiro dia já chegam pedindo, quando é o próximo feriado, e que falam que estão cansados disse:- “Vão vender Avon”. (quero ressaltar que ambas admiramos quem faz isso, pelo menos são pessoas felizes e de bem com a vida).
    Vamos modificar nossa prática em sala de aula, ainda que o sistema educacional não esteja modificado fazendo a nossa parte bem feita. Só assim estaremos contribuindo para que as crianças estejam aptas a atuar no meio em que vivem. “Ou somos os melhores ou não somos mais necessários”. (Desconheço o autor).

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